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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Download - Baixe O Destino de um Vampiro

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Beijos!

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domingo, 14 de outubro de 2012

Prévia-Prólogo de O Coração de um Vampiro

Gente, fiquei tão feliz com os comentários das pessoas que leram O Destino,de um Vampiro essa semana que estou postando o prólogo do segundo volume da série. Não está revisado, então me perdoem se houver qualquer erro de português.
Aproveitem!

Prólogo

O Significado do Tempo

"O tempo, muitas vezes, nada mais é do que
apenas a contegem regressiva para nossos anseios."
Ingryd Novaes

Europa - Muralha, 1485

     O relógio batia com seu tic-tac incessante. Um, dois; um, dois... O pêndulo não parava, mas também não acelerava, ou diminuia a velocidade, mantendo-se constante. Era um relógio de maderia velho, muito velho, que ficava pendurado na parede sudoeste, próximo a um corredor circular parcialmente escondido pela grandiosa escadaria do salão principal. O pêndulo balançava-se para lá e para cá com sua paciência infinita. Os ponteiros indicavam que era o fim da tarde e o início da noite. O céu se escureceria em breve, envolvendo a Muralha com seu manto negro de morte. E só então os aldeões poderiam sair de suas casas para assistir a tão falada disputa de posse que Dave havia proposto dias antes, quando Blair estava no altar, quando ela já havia dado adeus ao amor verdadeiro...
     Até agora, ela ainda se perguntava como deixara que ele fizesse tal tolice. Já vira os dois brigarem muitas vezes (durante o treinamento de batalha)... Saulo era experiente, tão mais do que Dave. Quem ela perderia dessa vez? Em qual túmulo choraria amanhã?
     Engoliu em seco ao perceber que poderia muito bem perder a ambos. O que acontecia nessas disputas afinal? Quais eram as regras? Ela de nada sabia e isso a matava aos poucos.
     Uma cálida lágrima escorreu pelo rosto oval e angelical de Blair. Estava sentada aos pés da escadaria de mármore do grande salão a horas. Não conseguira mover-se desde que as pessoas que mais importavam em sua sua vida saíram pela porta, completamente dispostos a matarem um ao outro. Um vazio a tomou naquele momento, diante da imagem que seus olhos testemunhavam; Dave e Saulo, cada um empunhando uma balestra e uma espada incrívelmente afiada e cheia de veneno. Bastava que uma mísera gota entrasse em contato com a corrente sanguínea de um dos dois e era morte na certa. Uma morte definitiva, da qual eles não poderiam acordar.
     O chão era duro e desconfortável abaixo de sí. Seu vestido preto rendado a cercava completamente como um escuro redemoinho — camadas e mais camadas do melhor tecido, com bordados em fios de ouro que ressaltavam-lhe o mais obscuro semblante. Sabia que o Imperador Ferdinando queria que ela vestisse do melhor e que isso fizesse jus a sua beleza, porém, tudo agora lhe parecia uma grande blasfêmea. Ela não se sentia bela, pelo contrário. Sentia-se horrenda, medonha — uma terrivel besta mitológica.
     Opondo-se ao relógio, seu coração não possuia rítmo certo e contínuo, soando batidas incertas, descompenssadas e desesperadas. Uma angústia crecia em seu peito, causando uma profunda dor em seu âmago. Era tudo sua culpa.
     Blair tendia a culpar-se por tudo. Não porque ela errasse demais, mas porque era seu dever manter a paz. Havia uma grande responsabilidade em suas costas e era a primeira vez que ela realmente assumia suas obrigações como deusa. Era tudo muito novo, muito estranho... E naquele momento, só conseguia pensar em Dave e em Saulo, na luta, na morte de um deles... Ou de ambos. Suspirou. E esse suspiro pareceu mais um choramingo. Segurou um soluço, prendendo tudo dentro de sí. Como queria que seus pais estivessem alí para dar-lhe um pouco de consolo e encher-lhe de conselhos. Até mesmo um simples abraço que a reconfortasse... Só queria ouvir mais uma vez, sua mãe cantando enquanto ela lhe ajudava a colher as flores no jardim de casa, e seu pai assobiando enquanto verificava os vinhedos. As coisas eram assim na época em que o Império da Muralha não sabia de sua existência e antes de a velha vizinha acusar a ela e sua família de serem feiticeiros. Tudo mudara e não voltaria mais a ser o que era.
     O relógio continuou com seu tic-tac incessante.
     Horas mais tarde, Blair já não aguentava mais ficar sentada, andando de um lado para o outro, ainda de frente para a escadaria. A intervalos irregulares, ela passava a mão na cabeça, cheia de preocupação, enquanto seus olhos não conseguiam se desgrudar da enorme porta branca na entrada do salão. O salto batia de encontro ao chão de mármore com um baque surdo, e diante o vazio naquele espaço subitamente grande, o som ecoava para todo lado e voltava para os ouvidos de Blair. Queria trancar-se em seu quarto e nunca mais sair de lá, ao mesmo tempo que simplesmente não podia sair de onde estava. Aguentou o quanto podia, e finalmente rendeu-se a vazão das lágrimas. Chorou incansavelmente, até que por fim, suas lágrimas secaram e seus soluços cessaram. Seu coração, porém, continuou em seu rítmo acelerado e inconstante. Ela tremia de preocupação e ansiedade.
     Alguns serviçais a observavam preocupados. Para quem não sentia compaixão, eles se importavam bastante com sua deusa. Sem alma e sem esperança de um dia amarem, não sabiam ao certo o que fazer, muito menos compreender o que Blair sentia naquele momento. Pararam seus afazeres, sentindo a tensão irradiando do corpo de sua deusa ao mesmo tempo em que ela começou a falar baixinho consigo mesma.
     — Eu preciso fazer alguma coisa. Qualquer coisa — sussurrou, fechando os olhos e pondo as mãos sobre seu coração. 
     Estava sozinha. Sentia-se sozinha, não importava quantos olhares se voltassem contra ela. E mais lágrimas surgiram, contrariando a falsa ausência delas. Como ainda podia chorar? Era como se houvesse uma fonte infinita daquelas gotículas salgadas dentro de seus profundos olhos. Odiava a sí mesma por ser a causadora daquele sofrimento. Dave lutaria com Saulo visando sua mão em casamento. Ele a queria e não se importava com as barreiras que sugirssem, desde que as derrubasse. Porém, Saulo salvara a vida de Blair. Dado esse fato, ela fora egoísta o suficiente para não escolher um dos dois e simplesmente seguir as regras que lhe foram impostas. Não queria perdê-los e um dos dois voltaria morto para casa agora.
     E pensar que três dias atrás, ela se lamentava por motivos fúteis se comparados a esse.
     Blair corria pelos grandes e vastos jardins da propiedade. A Muralha era um dos lugares mais belos de toda a Europa — e, se comparado com umas das arquiteturas mais belas da atualidade, semelhante ao Palácio de Buckingham. A grama era de um verde profundo e celestial, ainda úmida de orvalho sob seus pés descalços. Um leve farfalhar soava cada vez que ia de encontro ao solo, um passo de cada vez. Sentia-se livre, como quando criança, e sem preocupações. Muito embora, os problemas não abandonassem sua mente inquienta.
     Em qualquer direção que se olhasse, os pinheiros enchiam a paisagem. Altas árvores, muito compridas e afastadas umas das outras naquele trecho em especial. Blair perguntou-se porque não trouxera seu cavalo. Seria maravilhoso galopar, faria com que se sentisse ainda mais longe das malditas amarras que a prendiam. E o mais importante: Dave estava com ela.
     Ela corria para longe dele, meio que uma brincadeira. Ele poderia alcança-la facilmente, se usasse suas habilidades de vampiro. Porém, Blair se divertia tanto enquanto achava que estava conseguindo escapar dele, que ele simplesmente não viu razão para dar fim a onda de risos que hora, ou outra, soltava. Prorrogou aquela imensidão temporária de felicidade o máximo possível. Não estava pronto para uma conversa difícil que cedo, ou mais tarde, sabia que chegaria.
     Blair, por sua vez, estava grata por poder esquecer as preocupações, a aflição que lhe angustiava a alma. Em breve, ela se casaria com Saulo Ignoro, perdendo assim, toda e qualquer chance de partilhar um futuro com Dave. Nada faria sentido depois de perdê-lo definitivamente.
     — Blair — chamou Dave, risonho. — Pare de correr! Estamos nos afastando demais do Palácio.
     Ela olhou para trás, mas não diminuiu o passo, não se importando com os possíveis obstáculos que podiam aparecer no chão a sua frente.
     — Não se preocupe. Encontraremos o caminho de volta, tenho certeza.
     — Não é a isso que me refiro. Sabe que há boatos de que feiticeiros tenham se instalado nas proximidades. Preciso garantir vossa segurança, minha Deusa.
     Blair suspirou, baixou o olhar e parou de correr e passando para um andar suave, o que fez Dave diminuir a velocidade e se aproximar cautelosamente.
     — Pensei que tinhamos combinando que não me chamaria mais de deusa — falou ela com a voz afetada.
     — Desculpe
     Ele ainda me trata como aquela a quem deve devoção, e não como a mulher que ele ama, pensou ela. Uma brisa fria e afiada como gelo tocou a pele nua de seu braço. O lindo vestido azul-anil com rendas em um tom mais escuro que ela usava não protegia sua pele das baixas temperaturas. E aquilo só piorou seu estado. Estava triste por Dave tratá-la como se ela fosse a coisa mais frágil e precioso do mundo, por seu eminente casamento com Saulo e por um motivo mais profundo, que ela lutava para ignorar: a culpa. Foi por ser deusa que seus pais morreram. Sua mãe poderia ter matado os guardas do palácio de Dior facilmente, mas então estaria expondo sua raça Vampira e colocando sua filha, a deusa dos Vampiros, em uma situação ainda mais delicada.
     — É nosso último dia! — respondeu ela, melancólica de repente. — Preciso me sentir livre uma vez mais. Por favor...
     E ela parou súbita e tristemente. Sentou no chão úmido, olhando o sol se pondo no horizonte. Nunca, um fim de tarde fora tão sorumbático. Os olhos azuis, sempre tão brilhantes, estavam repletos de lágrimas.
     Dave se aproximou mais lentamente do que o necessário, dando a ela, tempo. Não gostava de pensar naquele dia como sendo o último, sequer queria pensar nos que estavam por vir.
     Sentou-se ao lado dela, pegando sua mão fina e delicada. Olhou o anel dourado em seu dedo anular e suspirou. Sua dor não podia ser medida, quantizada. Nem ele mesmo sabia se queria ver a dimensão de sua angústia. Se visse o tamanho de seu sofrimento, decerto aumentaria. Desesperaria-se e sabe-se lá o que aconteceria.
     Ele a amava. Era só. No entanto, era suficiente para acabar com toda uma vida.
     Até mesmo os raios solares perderam o sentido, uma ofensa contra Dave.
     — Dave... — sussurrou Blair arrastadamente. — Que sentido há nisso? Eu o amo tanto... Mas... Saulo, ele... Salvou minha vida. Se não o tivesse feito, eu sequer teria lhe conhecido.
     Blair o olhou, uma doce lágrima correndo-lhe a face.
     Dave a enchugou com uma cálida carícia.
     — Eu sei — garantiu Dave. — Acredite, sei que você não pode simplesmente dizer não àquele que a salvou. E sei que ele me odeia. Mas eu tenho certeza de que ele cuidará de você. Serão felizes.
     Ele só não tinha certeza quanto a sí própio. Parecia que seu coração havia sido despedaçado, dividido em partes e espalhado por todos os lugares do mundo, de modo que nunca juntaria os pedaços. Blair o olhou e se jogou em seus braços, mantendo-o bem junto a sí.
     Como queria permanecer assim para sempre!
     — Não importa. Nada disso! — disse ela. — Não amo Saulo. Amo você. Meu coração sempre pertencerá a um único vampiro, Dave.
     Ela o soltou para olhá-lo. Colocou suas mãos no rosto de Dave, e o olhou fixamente. Em seu olhar, todo o amor que ela lhe reservava transbordava através das lágrimas que caíam. Dave também chorou ao vê-la tão triste.
     Minha Deusa não deveria ficar triste, pensou ele. Não minha Blair.
     — Sempre irei amá-lo — disse ela fervorosamente.
     — Eu te amo — disse ele, suavemente, tentando não só acalmá-la como a sí mesmo. Sorriu tristemente. — Amo pra sempre, e sempre, e sempre... — riu. Depois ficou sério, prendendo seus olhos nos dela. — Você será de outro. Mas escute: eu sempre serei seu. Somente seu. É uma promessa.
     Apesar do clima tenso e deprimente do momento, Blair sorriu. Eram as palavras mais lindas que poderia ouvir. E como se os segundos passando tivessem se tornado repentinamente altos, ela levantou de uma vez, recuperando uma sentelha do ânimo que reservara para o dia. Segurando um suspiro, Dave também se levantou. Hoje, nada mais importava a não ser dar o máximo de sí em deixar Blair feliz; fazê-la esquecer do amanhã por mais difícil que fosse.
     — O que acha de irmos... ao povoado? — pediu Blair.
     Dave franziu a testa, surpreso.
     — Além dos muros? O Imperador não vai gostar se descobrir que você saiu — preveniu ele.
     — Podemos esquecer quem somos, pelo menos por hoje? — Blair arqueou as sobrancelhas e sorriu, deixando Dave encantado.
     — Como quiser — disse ele, em tom definitivo.
     Um alto som de vozes altas e alarmadas despertou Blair de seu topor, de suas lembranças... Ela estava novamente sentada na escadaria e os empregados andavam afobados de um lado para o outro, quase como se estivessem com medo. Foi então que a tensão fria do ambiente tocou Blair. Algo estava errado. Será que...
     Não!, gritou ela internamente, suas mãos tremiam enquanto ela olhava para todos os lados. Quem foi que eu perdi?, ela quando pronunciou o pensamento choroso em voz alta. Juntando suas forças, e tentando manter-se em pé sem cair, ela caminhou pelo salão. Ninguém olhava para ela, a evitavam, não queriam contar o que estava acontecendo.
     A grande porta se abriu e Saulo, ensaguentado e de aparência cansada passou por ela.
     — Dave... — sussurrou ela. Em seguida, estava gritando. — Onde está o Dave? O que fez a ele?
     Saulo somente a olhou, cético, como se a resposta fosse óbvia.
     Tudo perdeu o sentido e Blair se sentia a ponto de desmaiar. Era dor demais, sofrimento demais para seu pobre coração. Queria dormir, queria nunca mais acordar. Uma eternidade de pesadelos era melhor do que aquele inferno que se tornou sua vida. Sem Dave, nada mais importava.
     Sentiu-se tonta, desamparada, terrivelmente doente. Estava doente.
     O Sono de Pandora..., pensou ela. O sono eterno de um deus. Eu posso dormir, parar de sentir essa dor abrasadora. Eu só preciso me entregar a ela., sucumbir a sua vontade. Não me importo se isso me matar. Dave está morto.
     E esse foi seu último pensamento antes de cair no chão de mármore, ouvindo a risada de Pandora soar por seus ouvidos. Ela se deixou levar para o frio da inconsciência. Era tarde demais para mudar de ideia, mesmo que quisesse.
     — Blair! — gritou alguém que acabava de entar no salão. Ela não olhou para ver quem era, mas ela reconheceu a voz. Sim, ela sabia que era ele quem a chamava.
     Eu te amo..., ela tentou sussurrar. Mas o escuro a silenciou, talvez para sempre.